7.9.17

Sete de Setembro é dia de correr e marchar pela Independência

Fazia muito tempo que eu não participava de uma corrida aqui em São Paulo. Pois hoje lavei a égua, como se diz lá no Rio Grande do Sul: estive entre os cerca de cinco mil corredores que transformaram em uma grande festa o Troféu da Independência, prova realizada no bairro do Ipiranga, pertinho do local onde, em 1822, Dom Pedro lançou o grito, a palavra de ordem que ainda hoje ecoa em nossos corações e mentes: “Independência ou morte!”.
Para mim, foi uma corrida alegre, divertida. Encontrei muitos amigos da antiga e tive a satisfação de conversar com leitores aqui do blog. Acima de tudo, porém, foi um momento de reflexão sobre a situação que vive nosso país, jogado na escravidão pelo grupo de golpistas que assaltaram o poder, sequestraram a democracia e venderam as riquezas nacionais.
Uma situação semelhante à que vivia o Brasil Colônia, oprimido pelo império da época. Talvez pior, pois hoje os brasileiros temos memória de tempos de liberdade e de democracia, tempos de orgulho nacional e de construção de um país que caminhava para transformar em verdade verdadeira as palavras do Hino da Independência: “Do universo entre as nações resplandece a do Brasil”.
Os golpistas do Planalto e seus asseclas e acólitos espalhados por governos outros de nossa pátria se esmeram em tentar destruir não apenas as conquistas e realizações de nosso povo mas também os símbolos de luta e as casas de devoção ao país.
Exemplo disto é o abandono em que se encontra o Museu do Ipiranga, situação denunciada por um grupo de corredores que participaram da prova de hoje. Integrantes da turma “Amigos do Parque da Independência”, eles carregavam cartazes com imagem do museu e os dizeres: “Socorro, não me abandonem!”.

Cheguei a fazer uma breve entrevista com um dos integrantes do grupo, mas, por incompetência minha ao operar a gravação, o registro foi perdido. Mas não há de ser nada, faço uso das palavras do historiador Laurentino Gomes para caracterizar a situação do Museu da Independência, fechado para reformas cuja conclusão é prometida para meados da próxima década:
“O edifício, que acaba de comemorar 120 anos de inauguração, está caindo aos pedaços. No salão nobre, cuja parede principal ostenta o quadro Independência ou Morte, do paraibano Pedro Américo, o teto descolou-se e ameaçava cair sobre os visitantes. O forro de salas vizinhas está prestes a desabar por causa da infiltração de água da chuva. A pintura de vários ambientes se encontra rachada e apresenta mofo. As portas, com fechaduras antigas, emperram. Manchas de sujeira cobrem tanto um busto do marechal Floriano Peixoto, o segundo presidente da República, no subsolo, como um espelho que pertenceu à marquesa de Santos, amante do imperador Pedro I, em uma sala da torre leste do 1º andar. Uma carruagem do século XIX, no térreo, está com a forração rasgada em vários pontos. Na fachada do edifício, trechos sem reboco deixam os tijolos à mostra. Na parte dos fundos, onde bate menos sol, a tinta descascou e as paredes foram tomadas pelo musgo. O estado de abandono é uma ameaça ao precioso acervo, composto de 150 mil peças, uma biblioteca com mais de 100 mil volumes e um centro de documentação com 40 mil papéis e manuscritos.” (texto publicado em Veja SP).
O fato é que, segundo me contaram os corredores-manifestantes, pouco se sabe, oficialmente, sobre as supostas reformas. Texto publicado na Folha no ano passado diz que, até então, tinham sido realizados apenas trabalhos de estaqueamento para evitar que as pares ruíssem. Os custos, estimados inicialmente em R$ 21 milhões, já tinham saltado para R$ 100 milhões, mas nada de as verbas serem liberadas...
Por tudo isso, é elogiável a ação dos corredores que aproveitaram o Troféu da Independência para denunciar o descaso com que os governantes tratam nossos símbolos, a própria história da Pátria.
Falando nisso, recebi pelas redes sociais um curto vídeo comemorativo ao Sete de Setembro, produzido pelo Partido Comunista do Brasil. Como achei bacaninha, fica AQUI olink para você também assistir ao filmezinho.
Registro também a realização, na manhã de hoje, do GRITO DOS EXCLUÍDOS, manifestação de âmbito nacional; em São Paulo, a  marcha reuniu cerca de 10 mil pessoas. 

Foto: Jornalistas Livres

Com o lema “por direito e democracia, a luta é todo o dia”, a manifestação seguiu da avenida paulista até o Monumento às Bandeiras, na região do Ibirapuera.
Em entrevista aos Jornalistas Livres, Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares, que realiza a manifestação, alerta: “A atual situação de desemprego, miséria e exclusão social é mais grave do que em 1994, quando foi realizada a primeira edição do Grito dos Excluídos”.
E assim concluo a edição de hoje, mais uma caminhada de meu percurso que mira totalizar, ao longo deste ano, distância equivalente à de sessenta maratonas. Foi a forma que encontrei para festejar com você a chega de meus sessenta anos, momento em que oficialmente me integro à comunidade de velhos do Brasil.
O projeto está andando bem. Se tudo correr de acordo com o esperado, amanhã totalizo neste ano distância equivalente à de 45 maratonas (1.899 quilômetros). Apesar de dores eventuais, dedos quebrados e outros perrengues de menor monta, estou bem e com saúde. Sigo lento, mas sigo.

VAMO QUE VAMO!!!

Percurso de Sete de Setembro de 2017



16,13 km percorridos em 2h47min37

Percurso acumulado no projeto 60M60A

1.889,42 km percorridos em 336h39min11





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