3.5.17

Mil quilômetros já se foram na corrida de sexagenário contra o tempo e a distância, pela vida, pela alegria e pela democracia

No dia primeiro de maio, por volta das nove e quarenta da manhã, completei os primeiros mil quilômetros de minha jornada deste ano, em que pretendo inteirar distância equivalente à de sessenta maratonas: 2.532 quilômetros.
O ponto exato, não sei dizer. Desde o acordar, pensava, calculava onde cairia a marca que, para mim, era esplendorosa. Cheguei ao primeiro de maio com 993 quilômetros acumulados, mais uns metrinhos. O ponto preciso, então, seria na altura dos 6.990 metros e mais uns quebradinhos.
Bobagem precisar isso. Meti na cabeça que seria nos sete quilômetros e pronto. Assim a gente não corre o risco de festejar antes, que é sempre perigoso, como já me ensinava minha querida vó Alda, há mais de meio século: “Não se deve contar com o ovo no c* da galinha”. Um amigo meu, conhecido das corridas, estabeleceu outro dito, que também me parece de respeito: “Primeiro a gente faz, depois a gente fala”.
Vai daí que deixei os metros passarem e ajustei a quilometragem para a conta redonda dos sete. Mas desde os seis e quinhentos estava assuntando os arredores, olhando para a frente, tentando calcular onde cairia o lugar, se haveria algum marco fantástico, uma espécie de pórtico que deixaria registrado para a eternidade o lugar exato dos primeiros mil quilômetros da jornada de um sexagenário em defesa da vida e da inclusão dos mais velhos na sociedade, do direito dos mais velhos ao sonho, à alegria e à busca da felicidade.
Percurso realizado no dia Primeiro de Maio; os mil quilômetros foram atingidos na altura do parque Villa Lobos
Já estava calejado com as dores de decepções e frustrações. Quando, lá no início de janeiro, completei a primeira maratona das sessenta que pretendo inteirar neste ano, também fui em busca de um marco, de um sinal físico na cidade que indicasse minha passagem.
Que nada! O ponto em que somei 42.195 metros foi sem graça, sem elegância e sem memória, ao lado de um muro branco do cemitério do Araçá. Nem sequer pichado estava o muro naquela altura exata! Tentei o outro lado da avenida Doutor Arnaldo, que foi onde alcancei os 42,2, km, mas também era assim, anódino, insosso, insípido e incolor naquela manhã turva, cinzenta, sem sol em pleno verão.
Nos mil, não. O sol brilhava neste primeiro de maio, enquanto eu procurava minha marca. Calculando metros e somando centímetros, sorri para dentro ao perceber que o ponto seria marcado por um monumento!!!

Que beleza!!! Uma coisa muito urbana, muito paulistana, muito pós-moderna, muito triquetriquerrolimã: uma parede, um muro, um retângulo de cimento erguido de través no canteiro de uma grande avenida da zona oeste e totalmente pichado (ou pixado, como quer a turma do pixo), pintado, desenhado, com algo que me pareceu abelhas fazendo sabe-se lá o quê (ou seriam moscas????).
Não importa. Meu esforço estaria recompensado, reconhecido. Ainda que nada fosse registrado, eu e a cidade saberíamos que por ali passei, havia uma lembrança sólida da travessia do solitário sexagenário colecionador de fragmentos urbanos.

Nananina. Já tinha até fotografado a tal parede, o monolito do pixo, quando me lembrei de olhar a marca registrada pelo meu GPS para confirmar o feito.
Ai, que decepção! Nem sequer tinha chegado aos seis mil e novecentos metros, faltavam ainda algumas dezenas de passos para inteirar os mil quilômetros. Sai prá lá!
Reiniciei minha jornada, com tempo suficiente para refletir, buscar as razões de a gente, não só os corredores, mas nós todos, da raça humana, buscarmos sempre esses pontos de referência, querendo estabelecer registros de vitória, de transcurso, como se eles efetivamente o fossem. Não são: por que mil seria melhor, mais válido ou mais poderoso do que novecentos e setenta e quatro ou do que mil cento e triunta e sete, qual o valor especial da marca redonda, como se costuma dizer?
Não sei, como também não sei muito mais respostas para outras tantas perguntas bestas que me vêm à cabeça enquanto corro pelo mundo afora. São multidões de dúvidas. Elas me dão, às vezes, a dimensão da minha ignorância. Também refletem quão doidivanas o pensamento é, pulando de galho em galho pelos pedaços de nossa existência.
O certo é que eu tinha ainda mais alguns metros a percorrer até completar os sete quilômetros, que foram inteirados ao pé de um jardinzinho montado no canteiro central da avenida Professor Fonseca Rodrigues, assim nomeada em homenagem a um engenheiro que deu aulas na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo na primeira metade do século passado. Havia uma flor amarela, sozinha e solitária, brilhando e bebendo o sol que vinha das alturas. Ela foi meu registro, meu marco, o pórtico dos meus mil quilômetros.



Passei por ela também sozinho, solitário. Nem sequer corria, caminhava.  O corpo ainda estava cansado e dolorido dos esforços do dia anterior, quando completei de uma talagada só trinta e dois quilômetros.
Tinha sido uma jornada feita aos soluços, como chamo os bloquinho de corrida e caminhada com que ergo os prédios de meus trajetos pelo mundo. Naquele “longão”, que é como a gente chama esses treinos especiais, de maior distância, fiz trinta blocos alternando oitocentos metros de corrida e duzentos metros de caminhada.
O método, construído por meu treinador, Alexandre Blass, da Força Dinâmica,  tem por objetivo tentar preservar um pouco o corpitcho velho, oferecendo mais chances de uma recuperação mais rápida. Porque é disto que preciso nesta jornada: correr, andar e me recuperar para o esforço seguinte, não perder ânimo nem disposição, não ficar gripado nem torcer o pé.
A bem da verdade ou, para não entrar em questões filosóficas sobre o ser e estar da verdade: de fato, ter somado mil quilômetros, por si, não significa nada nem dá camisa a ninguém, nem prêmio nem satisfação do dever cumprido, pois este só o será quando eu inteirar dois mil quinhentos e trinta e dois quilômetros.
Pelo menos, já cheguei até aqui. E estou disposto a prosseguir, obedecendo a outra máxima, esta ensinada por uma professora de música: “Primeiro a gente vai lá e faz; depois, melhora”.
Apesar de já correr há quase vinte anos, estes dias todos têm sido de aprendizado, de experimentações: o corpo envelhece e cria dores onde nunca tinha antes havido sofrimento. Não só as musculares, as de tendões, ossos, pele rachada, cabelo caído, entranhas machucadas: as dores de viver mesmo.
Parecem diferentes, mais intensas e poderosas, exigindo a cada momento mais atenção e fortitude para serem enfrentadas, superadas. Ou apenas para que o convívio com elas seja suportável, para que haja uma convivência pacífica, ainda que instável e complexa, entre a dor e a tranquilidade –às vezes, a alegria, a satisfação e a completude.
Para tudo a corrida tem uma resposta, nem que seja apenas a exigência de colocar um pé na frente do outro, o outro na frente do um e repetir.
Foi o que fiz no Primeiro de Maio dos Mil Quilômetros, que me reservaria ainda alegrias para os sentidos e programação espetacular para o intelecto.
Completei minha jornada daquele dia chegando à casa de um amigo, Gregório Silva, um dos Corredores Patriotas Contra o Golpe, turma de atletas da corrida e da democracia. Nosso pequeno grupo teria ali numa reunião para discutir nosso futuro, por onde andaríamos e para onde queríamos ir.
É o que todos queremos saber sempre, mas a própria metafísica teve de sair de cena e abrir espaço para o mais absoluto materialismo quando Gregório colocou na mesa uma espécie de molho ou creme ou suco ou combinação de tudo isso feito puramente como tomates ralados.
Havia temperos, por certo, mas a essência foi o resultado de trabalho de nosso anfitrião, caprichosamente amassando as frutas vermelhas escolhidas com carinho.
Cobrir com aquela alquimia um pãozinho corado, colocar sobre o molho fatia generosa de queijo da serra da Canastra e levar o conjunto ao forno consubstanciou uma obra de arte culinária, transformada enfim em bocaditos degustados, saboreados, mordidos e engolidos. Tudo com certo cuidado para evitar que o tomate se espalhasse por minhas barbas brancas –a proteção não deu muito resultado, mas essa é a consequência do que a gente chama de se empapuçar.
Alimentado, me fui para a segunda etapa da jornada: acompanhar as manifestações do Primeiro de Maio, encontro dos trabalhadores e do povo para protestar contra as ações do governo golpista e afirmar seu –NOSSO—desejo de mudança, de luta pela construção de um país livre, democrático e soberano.


O Primeiro de Maio deste ano veio na esteira da maior GREVE GERAL da história do país, que mobilizou cerca de quarenta milhões de pessoas e foi um exemplo da capacidade de organização e concatenação de operações dos movimentos populares e das organizações sindicais em todo o país.

De toda a cidade partiram grupos para se somar à concentração no Largo da Batata, na GRANDE GREVE GERAL; aqui, a turma da POMPEIA SEM MEDO

Realizada no dia 28 de abril, a GREVE teve como antecedentes não apenas as óbvias reuniões preparatórias, mas também muitos encontros não diretamente ligados ao movimento, ainda que totalmente envolvidos com a luta pela salvação nacional contra o processo de destruição que o governo entreguista está levando a cabo com sofreguidão nunca vista.
Um desses momentos foi o lançamento do manifesto do PROJETO BRASIL NAÇÃO, de que tive a satisfação de participar. O documento foi resultado de meses de discussão em que participaram gentes das mais diversas origens, todos angustiados com os destinos do país.
A jornalista Eleonora de Lucena, que foi uma das principais construtoras do movimento, liderado pelo ex-ministro Luiz Carlso Bresser-Pereira, escreveu artigo em que resume motivações do grupo. Publicado na “Folha de S. Paulo” no dia 27 de abril, quando aconteceria o lançamento, o texto de Eleonora é o seguinte:



PROJETO BRASIL NAÇÃO
O que há em comum entre o massacre de Colniza (MT), o fim da CLT, o esquartejamento da Petrobras e a reforma da Previdência? Existe ligação entre o desemprego alarmante, o sufocamento da indústria e a estratosférica taxa de juros?
E qual a conexão entre as centenas de jovens negros e pobres mortos pela PM paulista, o fim de programas científicos e culturais e o aniquilamento da Constituição de 1988?
Os dados fragmentados do noticiário remetem para o contexto maior de uma realidade aflitiva: a destruição do país e a violência contra os mais fracos e pobres. É a sanha para desmantelar o Estado, atacar direitos, beneficiar rentistas e enxovalhar a soberania que está no pano de fundo da torrente de retrocessos civilizatórios, assaltos a direitos e sequestros da democracia e da autonomia nacional.
Passado um ano do início do processo de impeachment, o país está bem pior. Sob o governo golpista, retrocedeu anos. A meta dos mandantes parece ser voltar à República Velha, destroçando conquistas sociais e submetendo abertamente o país a interesses externos. É possível que, no futuro, crimes de lesa-pátria possam ser julgados, jogando no lixo os atos da súcia.
Aturdida, a população assistiu à avalanche de prepotência, arrogância e desrespeito. Agora, começa a reagir com mais força. Sindicatos e movimentos sociais atuam de forma mais ativa e suas mobilizações repercutem na sociedade.
A greve geral, marcada para esta sexta (28/4), promete ser um repúdio vigoroso ao amontoado de sandices em maquinação pelo governo antinacional e antipopular. Há mais.
A igreja católica saiu do silêncio e passou a se manifestar contra os ataques a direitos. Padres fazem convocações para as mobilizações de protesto. Ecoam, finalmente, os repetidos alertas do papa Francisco.
O empresariado está desapontado com as ações do governo ilegítimo. De um lado, há desilusão com as promessas róseas de recuperação. De outro, há frustração pelos sucessivos golpes para as empresas nacionais, que só vislumbram encolhimento de mercados, aqui e no exterior. Simplesmente o golpe não surtiu o efeito esperado por certa elite.
No Congresso, as manobras são cada vez mais custosas, e a chamada base aliada se esfarela. Do exterior, vozes expressam crítica ao golpe que feriu a democracia brasileira e ameaça o processo eleitoral do ano que vem. O capitalismo financeiro, entrando no seu décimo ano de crise profunda, desgosta da vontade popular e esfrangalha as sociedades.
Nesse quadro, intelectuais, artistas, empresários, profissionais liberais, cientistas, sindicalistas e lideranças de movimentos sociais decidiram falar. Lançam nesta quinta (27) o manifesto do Projeto Brasil Nação.
O texto, criação coletiva de dezenas de pessoas de diferentes matizes, afirma que o atual desmonte do país "só levará à dependência colonial e ao empobrecimento dos cidadãos, minando qualquer projeto de desenvolvimento".
O grupo, apartidário, aponta que o ataque em curso foi desfechado num momento em que o Brasil se projetava como nação, se unindo a países fora da órbita exclusiva de Washington. Com isso, contrariou interesses poderosos do Norte.
O documento recupera os objetivos gerais que cimentam a sociedade brasileira: democracia, soberania, diminuição da desigualdade, desenvolvimento, proteção ao ambiente. Esboça propostas econômicas e conclama ao debate para a formulação de um projeto de nação com autonomia e inclusão.
É hora de reflexão e ação. Hoje, às 18h, no largo do São Francisco, o Projeto Brasil Nação está sendo colocado na rua. Saiba mais pelo site www.bresserpereira.org.br.

Pois o PROJETO BRASIL NAÇÃO foi para a rua, lançado na histórica Sala do Estudante, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, com a presença de centenas de pessoas e a companhia de milhares outras, que acompanharam o evento por meios eletrônicos.


A noite toda foi de uma emoção só, marcada por brasilidade militante, encarnada no canto do Hino Nacional interpretado pela soprano Lucila Tragtenberg (a professora de música que citei lá no alto, aquele me ensinou que primeiro a genet faz, depois, melhora). Ela foi apresentada pelos nossos anfitriões, a turma do Centro Acadêmico XI de Agosto, representada por João Ricardo Munhoz.
Eleonora dirigiu o ato, que teve falas da professora Leda Paulani, do ex-ministro Celso Amorim, do jovem senador Lindbergh Farias, do decano do direito professor Fabio Konder Comparato, do engenheiro Pedro Celestino, que comanda no Rio articulação de espírito semelhante, do ex-ministro Ciro Gomes. Mensagens especiais do “pai do pé-sal”, Guilherme Estrella, e do histórico militante dos direitos humanos Paulo Sérgio Pinheiro foram lidas na cerimônia, encerrada com discurso de Bresser-Pereira.
E eu encerro por aqui, publicando a seguir o texto do manifesto com a lista dos chamados subscritores originais. As fotos do lançamento são de Anderson Tadeu.



MANIFESTO DO PROJETO BRASIL NAÇÃO 

O Brasil vive uma crise sem precedentes. O desemprego atinge níveis assustadores. Endividadas, empresas cortam investimentos e vagas. A indústria definha, esmagada pelos juros reais mais altos do mundo e pelo câmbio sobreapreciado. Patrimônios construídos ao longo de décadas são desnacionalizados.

Mudanças nas regras de conteúdo local atingem a produção nacional. A indústria naval, que havia renascido, decai. Na infraestrutura e na construção civil, o quadro é de recuo. Ciência, cultura, educação e tecnologia sofrem cortes.

Programas e direitos sociais estão ameaçados. Na saúde e na Previdência, os mais pobres, os mais velhos, os mais vulneráveis são alvo de abandono.

A desigualdade volta a aumentar, após um período de ascensão dos mais pobres. A sociedade se divide e se radicaliza, abrindo espaço para o ódio e o preconceito.

No conjunto, são as ideias de nação e da solidariedade nacional que estão em jogo. Todo esse retrocesso tem apoio de uma coalizão de classes financeiro-rentista que estimula o país a incorrer em deficits em conta corrente, facilitando assim, de um lado, a apreciação cambial de longo prazo e a perda de competitividade de nossas empresas, e, de outro, a ocupação de nosso mercado interno pelas multinacionais, os financiamentos externos e o comércio desigual.


Ex-ministro Celso Amorim e Raduan Nassar, maior escritor de língua portuguesa


Esse ataque foi desfechado num momento em que o Brasil se projetava como nação, se unindo a países fora da órbita exclusiva de Washington. Buscava alianças com países em desenvolvimento e com seus vizinhos do continente, realizando uma política externa de autonomia e cooperação. O país construía projetos com autonomia no campo do petróleo, da defesa, das relações internacionais, realizava políticas de ascensão social, reduzia desigualdades, em que pesem os efeitos danosos da manutenção dos juros altos e do câmbio apreciado.

Para o governo, a causa da grande recessão atual é a irresponsabilidade fiscal; para nós, o que ocorre é uma armadilha de juros altos e de câmbio apreciado que inviabiliza o investimento privado. A política macroeconômica que o governo impõe à nação apenas agravou a recessão. Quanto aos juros altíssimos, alega que são “naturais”, decorrendo dos déficits fiscais, quando, na verdade, permaneceram muito altos mesmo no período em que o país atingiu suas metas de superávit primário (1999-2012).

Buscando reduzir o Estado a qualquer custo, o governo corta gastos e investimentos públicos, esvazia o BNDES, esquarteja a Petrobrás, desnacionaliza serviços públicos, oferece grandes obras públicas apenas a empresas estrangeiras, abandona a política de conteúdo nacional, enfraquece a indústria nacional e os programas de defesa do país, e liberaliza a venda de terras a estrangeiros, inclusive em áreas sensíveis ao interesse nacional.

Privatizar e desnacionalizar monopólios serve apenas para aumentar os ganhos de rentistas nacionais e estrangeiros e endividar o país.

O governo antinacional e antipopular conta com o fim da recessão para se declarar vitorioso. A recuperação econômica virá em algum momento, mas não significará a retomada do desenvolvimento, com ascensão das famílias e avanço das empresas. Ao contrário, o desmonte do país só levará à dependência colonial e ao empobrecimento dos cidadãos, minando qualquer projeto de desenvolvimento.

Eterno senador por São Paulo, Eduardo Suplicy também participou da celebração


Para voltar a crescer de forma consistente, com inclusão e independência, temos que nos unir, reconstruir nossa nação e definir um projeto nacional. Um projeto que esteja baseado nas nossas necessidades, potencialidades e no que queremos ser no futuro. Um projeto que seja fruto de um amplo debate.
É isto que propomos neste manifesto: o resgate do Brasil, a construção nacional.

Temos todas as condições para isso. Temos milhões de cidadãos criativos, que compõem uma sociedade rica e diversificada. Temos música, poesia, ciência, cinema, literatura, arte, esporte – vitais para a construção de nossa identidade.

Temos riquezas naturais, um parque produtivo amplo e sofisticado, dimensão continental, a maior biodiversidade do mundo. Temos posição e peso estratégicos no planeta. Temos histórico de cooperação multilateral, em defesa da autodeterminação dos povos e da não intervenção.

O governo reacionário e carente de legitimidade não tem um projeto para o Brasil. Nem pode tê-lo, porque a ideia de construção nacional é inexistente no liberalismo econômico e na financeirização planetária.

Cabe a nós repensarmos o Brasil para projetar o seu futuro – hoje bloqueado, fadado à extinção do empresariado privado industrial e à miséria dos cidadãos.
Nossos pilares são: autonomia nacional, democracia, liberdade individual, desenvolvimento econômico, diminuição da desigualdade, segurança e proteção do ambiente – os pilares de um regime desenvolvimentista e social.

Para termos autonomia nacional, precisamos de uma política externa independente, que valorize um maior entendimento entre os países em desenvolvimento e um mundo multipolar.
Para termos democracia, precisamos recuperar a credibilidade e a transparência dos poderes da República. Precisamos garantir diversidade e pluralidade nos meios de comunicação. Precisamos reduzir o custo das campanhas eleitorais, e diminuir a influência do poder econômico no processo político, para evitar que as instituições sejam cooptadas pelos interesses dos mais ricos.

Para termos Justiça, precisamos de um Poder Judiciário que atue nos limites da Constituição e seja eficaz no exercício de seu papel. Para termos segurança, precisamos de uma polícia capacitada, agindo de acordo com os direitos humanos.

Para termos liberdade, precisamos que cada cidadão se julgue responsável pelo interesse público.

Precisamos estimular a cultura, dimensão fundamental para o desenvolvimento humano pleno, protegendo e incentivando as manifestações que incorporem a diversidade dos brasileiros.

Para termos desenvolvimento econômico, precisamos de investimentos públicos (financiados por poupança pública) e principalmente investimentos privados. E para os termos precisamos de uma política fiscal, cambial socialmente responsáveis; precisamos juros baixos e taxa de câmbio competitiva; e precisamos ciência e tecnologia.

Para termos diminuição da desigualdade, precisamos de impostos progressivos e de um Estado de bem-estar social amplo, que garanta de forma universal educação, saúde e renda básica. E precisamos garantir às mulheres, aos negros, aos indígenas e aos LGBT direitos iguais aos dos homens brancos e ricos.
Para termos proteção do ambiente, precisamos cuidar de nossas florestas, economizar energia, desenvolver fontes renováveis e participar do esforço para evitar o aquecimento global.

Neste manifesto inaugural estamos nos limitando a definir as políticas públicas de caráter econômico. Apresentamos, assim, os cinco pontos econômicos do Projeto Brasil Nação.

1 Regra fiscal que permita a atuação contracíclica do gasto público e assegure prioridade à educação e à saúde
2 Taxa básica de juros em nível mais baixo, compatível com o praticado por economias de estatura e grau de desenvolvimento semelhantes aos do Brasil
3 Superávit na conta corrente do balanço de pagamentos, que é necessário para que a taxa de câmbio seja competitiva
4 Retomada do investimento público em nível capaz de estimular a economia e garantir investimento rentável para empresários e salários que reflitam uma política de redução da desigualdade
5 Reforma tributária que torne os impostos progressivos

Esses cinco pontos são metas intermediárias, são políticas que levam ao desenvolvimento econômico com estabilidade de preços, estabilidade financeira e diminuição da desigualdade. São políticas que atendem a todas as classes, exceto a dos rentistas.

Alegria ao final do encontro


A missão do Projeto Brasil Nação é pensar o Brasil, é ajudar a refundar a nação brasileira, é unir os brasileiros em torno das ideias de nação e desenvolvimento – não apenas do ponto de vista econômico, mas de forma integral: desenvolvimento político, social, cultural, ambiental; em síntese, desenvolvimento humano. Os cinco pontos econômicos do Projeto Brasil são seus instrumentos – não os únicos instrumentos, mas aqueles que mostram que há uma alternativa viável e responsável para o Brasil.

Estamos hoje, os abaixo assinados, lançando o Projeto Brasil Nação e solicitando que você também seja um dos seus subscritores e defensores.

30 de março de 2017 






SUBSCRITORES ORIGINAIS


LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA, economista
ELEONORA DE LUCENA, jornalista
CELSO AMORIM, embaixador
RADUAN NASSAR, escritor
CHICO BUARQUE DE HOLLANDA, músico e escritor
MARIO BERNARDINI, engenheiro
ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, físico
ROBERTO SCHWARZ, crítico literário
PEDRO CELESTINO, engenheiro
FÁBIO KONDER COMPARATO, jurista
KLEBER MENDONÇA FILHO, cineasta
LAERTE, cartunista
JOÃO PEDRO STEDILE, ativista social
WAGNER MOURA, ator e cineasta
VAGNER FREITAS, sindicalista
MARGARIDA GENEVOIS, ativista de direitos humanos
FERNANDO HADDAD, professor universitário
MARCELO RUBENS PAIVA, escritor
MARIA VICTORIA BENEVIDES, socióloga
LUIZ COSTA LIMA, crítico literário
CIRO GOMES, político
LUIZ GONZAGA DE MELLO BELLUZZO, economista
ALFREDO BOSI, crítico e historiador
ECLEA BOSI, psicóloga
LUIS FERNANDO VERÍSSIMO, escritor
MANUELA CARNEIRO DA CUNHA, antropóloga
FERNANDO MORAIS, jornalista
LEDA PAULANI, economista
ANDRÉ SINGER, cientista político
LUIZ CARLOS BARRETO, cineasta
PAULO SÉRGIO PINHEIRO, sociólogo
MARIA RITA KEHL, psicanalista
ERIC NEPOMUCENO, jornalista
CARINA VITRAL, estudante
LUIZ FELIPE DE ALENCASTRO, historiador
ROBERTO SATURNINO BRAGA, engenheiro e político
ROBERTO AMARAL, cientista político
EUGENIO ARAGÃO, subprocurador geral da república
ERMÍNIA MARICATO, arquiteta
TATA AMARAL, cineasta
MARCIA TIBURI, filósofa
NELSON BRASIL, engenheiro
GILBERTO BERCOVICI, advogado
OTAVIO VELHO, antropólogo
GUILHERME ESTRELLA, geólogo
JOSÉ GOMES TEMPORÃO, médico
LUIZ ALBERTO DE VIANNA MONIZ BANDEIRA, historiador
FREI BETTO, religioso e escritor
HÉLGIO TRINDADE, cientista político
RENATO JANINE RIBEIRO, filósofo
ENNIO CANDOTTI, físico
SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES, embaixador
FRANKLIN MARTINS, jornalista
MARCELO LAVENERE, advogado
BETE MENDES, atriz
JOSÉ LUIZ DEL ROIO, ativista político
VERA BRESSER-PEREIRA, psicanalista
AQUILES RIQUE REIS, músico
RODOLFO LUCENA, jornalista
MARIA IZABEL AZEVEDO NORONHA, professora
JOSÉ MARCIO REGO, economista
OLÍMPIO ALVES DOS SANTOS, engenheiro
GABRIEL COHN, sociólogo
AMÉLIA COHN, socióloga
ALTAMIRO BORGES, jornalista
REGINALDO MATTAR NASSER, sociólogo
JOSÉ JOFFILY, cineasta
ISABEL LUSTOSA, historiadora
ODAIR DIAS GONÇALVES, físico
PEDRO DUTRA FONSECA, economista
ALEXANDRE PADILHA, médico
RICARDO CARNEIRO, economista
JOSÉ VIEGAS FILHO, diplomata
PAULO HENRIQUE AMORIM, jornalista
PEDRO SERRANO, advogado
MINO CARTA, jornalista
LUIZ FERNANDO DE PAULA, economista
IRAN DO ESPÍRITO SANTOS, artista
HILDEGARD ANGEL, jornalista
PEDRO PAULO ZALUTH BASTOS, economista
SEBASTIÃO VELASCO E CRUZ, cientista político
MARCIO POCHMANN, economista
LUÍS AUGUSTO FISCHER, professor de literatura
MARIA AUXILIADORA ARANTES, psicanalista
ELEUTÉRIO PRADO, economista
HÉLIO CAMPOS MELLO, jornalista
ENY MOREIRA, advogada
NELSON MARCONI, economista
LUCAS JOSÉ DIB, cientista político
SÉRGIO MAMBERTI, ator
JOSÉ CARLOS GUEDES, psicanalista
JOÃO SICSÚ, economista
RAFAEL VALIM, advogado
MARCOS GALLON, curador
MARIA RITA LOUREIRO, socióloga
ANTÔNIO CORRÊA DE LACERDA, economista
LADISLAU DOWBOR, economista
CLEMENTE LÚCIO, economista
ARTHUR CHIORO, médico
TELMA MARIA GONÇALVES MENICUCCI, cientista política
NEY MARINHO, psicanalista
FELIPE LOUREIRO, historiador
EUGÊNIA AUGUSTA GONZAGA, procuradora
CARLOS GADELHA, economista
PEDRO GOMES, psicanalista
CLAUDIO ACCURSO, economista
EDUARDO GUIMARÃES, jornalista
REINALDO GUIMARÃES, médico
CÍCERO ARAÚJO, cientista político
VICENTE AMORIM, cineasta
EMIR SADER, sociólogo
SÉRGIO MENDONÇA, economista
FERNANDA MARINHO, psicanalista
FÁBIO CYPRIANO, jornalista
VALESKA MARTINS, advogada
LAURA DA VEIGA, socióloga
JOÃO SETTE WHITAKER FERREIRA, urbanista
FRANCISCO CARLOS TEIXEIRA DA SILVA, historiador
CRISTIANO ZANIN MARTINS, advogado
SÉRGIO BARBOSA DE ALMEIDA, engenheiro
FABIANO SANTOS, cientista político
NABIL ARAÚJO, professor de letras
MARIA NILZA CAMPOS, psicanalista
LEOPOLDO NOSEK, psicanalista
WILSON AMENDOEIRA, psicanalista
NILCE ARAVECCHIA BOTAS, arquiteta
PAULO TIMM, economista
MARIA DA GRAÇA PINTO BULHÕES, socióloga
OLÍMPIO CRUZ NETO, jornalista
RENATO RABELO, político
MAURÍCIO REINERT DO NASCIMENTO, administrador
ADHEMAR BAHADIAN, embaixador
ANGELO DEL VECCHIO, sociólogo
MARIA THERESA DA COSTA BARROS, psicóloga
GENTIL CORAZZA, economista
LUCIANA SANTOS, deputada
RICARDO AMARAL, jornalista
BENEDITO TADEU CÉSAR, economista
AÍRTON DOS SANTOS, economista
JANDIRA FEGHALI, deputada
LAURINDO LEAL FILHO, jornalista
ALEXANDRE ABDAL, sociólogo
LEONARDO FRANCISCHELLI, psicanalista
MARIO CANIVELLO, jornalista
MARIO RUY ZACOUTEGUY, economista
ANNE GUIMARÃES, cineasta
ROSÂNGELA RENNÓ, artista
EDUARDO FAGNANI, economista
REBECA SCHWARTZ, psicóloga
MOACIR DOS ANJOS, curador
REGINA GLORIA NUNES DE ANDRADE, psicóloga 
RODRIGO VIANNA, jornalista
WILLIAM ANTONIO BORGES, administrador
PAULO NOGUEIRA, jornalista
OSWALDO DORETO CAMPANARI, médico 
CARMEM DA COSTA BARROS, advogada
EDUARDO PLASTINO, consultor
ANA LILA LEJARRAGA, psicóloga
CASSIO SILVA MOREIRA, economista
MARIZE MUNIZ, jornalista
VALTON MIRANDA, psicanalista
MIGUEL DO ROSÁRIO, jornalista
HUMBERTO BARRIONUEVO FABRETTI, advogado
FABIAN DOMINGUES, economista
KIKO NOGUEIRA, jornalista
FANIA IZHAKI, psicóloga
CARLOS HENRIQUE HORN, economista
BETO ALMEIDA, jornalista
JOSÉ FRANCISCO SIQUEIRA NETO, advogado
PAULO SALVADOR, jornalista
WALTER NIQUE, economista
CLAUDIA GARCIA, psicóloga
LUIZ CARLOS AZENHA, jornalista
RICARDO DATHEIN, economista
ETZEL RITTER VON STOCKERT, matemático
ALBERTO PASSOS GUIMARÃES FILHO, físico
BERNARDO KUCINSKI, jornalista e escritor
DOM PEDRO CASALDÁLIGA, religioso
ENIO SQUEFF, artista plástico
FERNANDO CARDIM DE CARVALHO, economista
GABRIEL PRIOLLI, jornalista
GILBERTO MARINGONI, professor de relações internacionais
HAROLDO CERAVOLO SEREZA, jornalista e editor
HAROLDO LIMA, político e engenheiro
HAROLDO SABOIA, constituinte de 88, economista
AFRÂNIO GARCIA, cientista social
IGOR FELIPPE DOS SANTOS, jornalista
JOSÉ EDUARDO CASSIOLATO, economista
JOSÉ GERALDO COUTO, jornalista e tradutor
LISZT VIEIRA, advogado e professor universitário
LÚCIA MURAT, cineasta
LUIZ ANTONIO CINTRA, jornalista
LUIZ PINGUELLI ROSA, físico, professor universitário
MARCELO SEMIATZH, fisioterapeuta
MICHEL MISSE, sociólogo
ROGÉRIO SOTTILI, historiador
TONI VENTURI, cineasta
VLADIMIR SACCHETTA, jornalista 
ADRIANO DIOGO, político
MARCELO AULER, jornalista
MARCOS COSTA LIMA, cientista político
RAUL PONT, historiador
DANILO ARAUJO FERNANDES, economista
DIEGO PANTASSO, cientista político
ENNO DAGOBERTO LIEDKE FILHO, sociólogo
JOÃO CARLOS COIMBRA, biólogo
JORGE VARASCHIN, economista
RUALDO MENEGAT, geólogo
PATRÍCIA BERTOLIN, professora universitária
MARISA SOARES GRASSI, procuradora aposentada
MARIA ZOPPIROLLI, Advogada
MARIA DE LOURDES ROLLEMBERG MOLLO, economista
LUIZ ANTONIO TIMM GRASSI, ENGENHEIRO
LIÉGE GOUVÊIA, juíza
LUIZ JACOMINI, jornalista
LORENA HOLZMANN, socióloga
LUIZ ROBERTO PECOITS TARGA, economista

VAMO QUE VAMO!!!!

Percurso de dois de maio de 2017
14,2 km percorridos em 2h12min20

Acumulado no projeto 60M60A
1.017,93 km percorridos em 181h54min12





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