24.4.15

Mais rápida maratonista da história se aposenta neste domingo


Sem choro nem vela, sem se curvar de dor, sem vomitar, sem ter de massagear as pernas ou se apoiar  em alguém para conseguir ficar de pé –é assim que Paula Radcliffe, recordista mundial da maratona, pretende terminar a prova que, neste domingo, marca sua despedia das corridas de longa distância.

Assombrada por dores e por um tendão de Aquiles fragilizada, ainda com a memória das várias cirurgias que fez nos pés ao longo de sua carreira, Paula diz que quer apenas completar a maratona de Londres (no alto, foto AP)  “com um sorriso”.  

Conhecedora de suas possibilidades, ela nem sequer deve largar na elite (pelo menos, isso é o planejado; na hora, certamente será alvo de homenagens...).

“Não tenho um tempo alvo na minha cabeça, não sei o que poderá acontecer. Mas quero sentir que corri uma maratona e dei tudo de mim. É a primeira chance que eu tenho de correr uma maratona no meio da massa. Eu vou aproveitar o clima”, disse ela, que tem 41 anos e dois filhos.

Tomara que ela consiga mostrar, ao final da prova, sorriso como o que apresentou durante suas conversas com a imprensa, às vésperas da maratona. Mas não é sem dores nem sofrimento pessoal que ela chega a esta última corrida.

“Quando faltavam quatro semanas para a prova, fui até um parque em Éze (perot de Monaco, onde ela vive com o marido, Gary, e com os filhos, Isla e Raphael), que tem muitas subidas, e fiz um treino de 45 minutos. Foi meu treino mais longo em seis semanas. De lá para cá, consegui fazer outros treinos, sempre mergulhando depois os pés em baldes de gelo para controlar a dor.”

Assim, ela vai para o que for possível: “Não importa se eu terminar em três horas ou em duas horas e 45 minutos. Eu só quero chegar inteira, com saúde. Estou quase lá, e espero que meu corpo lembra os treinamentos quando eu começar a correr”.

Radcliffe se encaminha para a aposentadoria sem que suas marcas sejam desafiadas. “Espero que meu recorde perdure”, diz ela, mesmo acrescentando: “Sei que não sou melhor do que ninguém”.

No que ela está errada. No que se refere à velocidade na maratona, pelo menos, é a melhor de todas as mulheres que enfrentaram a distãncia.

Em 2003, na mesma maratona de Londres em que anuncia sua aposentadoria, ela completou a distância em 2h15min25, quebrando o recorde mundial que ela mesmo estabelecera no ano anterior, ao vencer a maratona de Chicago em 2h17min18. Era um período glorioso para Paula, que, em 2005, voltrou a estabelecer marca imbatida em Londres: 2h17min48.

Com isso, ela tem nada menos do que os três melhores tempos na história da maratona. Nos últimos anos, ninguém, nem chegou perto daquelas marcas; aliás, se os tempos atuais fossem estabelecidos na mesma corrida em que Paula correu o recorde, as atuais supercampeãs ficariam a quilômetros da britânica.

O quarto melhor tempo da história foi estabelecido em 2011 pela russa Liliya Shobokhova, 2h18min20; depois vem a queniana Mary Keitany, que venceu em Londres com 2h18min47 em 2012.

Radcliffe encerra sua vitoriosa carreira sem ter tido bom desempenho nas maratonas olímpicas. O mundo se lembra como ela passou mal em Atenas-2004 e de seu sofrimento em outras competições. Ela também se aposenta limpa –nunca esteve envolvida em caso de doping, ainda que o fato de ela usar bombinha contra asma tenha despertado rumores. Mas nunca foi abertamente acusada de qualquer tipo de trapaça.

Além de tudo, ela é uma simpatia. Recomendo a você, prezado leitor, querida leitora, que faça uma visita ao Twitter da atleta (basta colocar “Paula Radcliffe” na janela de busca). Ela conta seu dia a dia e coloca fotos como esta (a do sorriso eu também peguei do Twitter dela).



Longa vida a Paula Radcliffe! Que ela seja feliz no mundo dos aposentados!

No comments:

Post a Comment