13.2.15

O pequeno prazer de ser capaz de amarrar os cadarços do próprio tênis

Hoje, pela primeira vez em mais de 45 dias, fui capaz de amarrar os cadarços de meu tênis sem ajuda de terceiros. Para segurar o cordão esquerdo, usei o polegar, o dedo médio e o anular; o indicador continua sonso, durão, inútil –espero, porém, que um dia ele volte a funcionar.

Desde a tarde da última quarta-feira, dia 11, recebi licença para ficar algumas horas por dia sem a proteção para meu dedo cortado, operado, cicatrizado e hoje em processo de recuperação –lento, gradual e nem um pouco seguro (o tendão cortado e suturado pode nunca voltar a ser o mesmo...).

Foi uma grande alegria. Afinal, já houve momento, durante essa retomada nos movimentos do dedo indicador esquerdo, em que pensei que iria tudo para o ralo, a cicatriz iria infeccionar, fazer um estrago danado (foto).

Mas tudo andou bem, ainda que mais lentamente do que eu gostaria e exigindo mais cuidados ainda.

Correr com a tala não é impossível nem sequer difícil, mas acho que me deixava um pouco vergado para o lado esquerdo, por mais que eu cuidasse para correr de forma equilibrada. 

Uma dessas corridas, por exemplo, teve de ser interrompida antes de o treino chegar ao final porque fui atingido por uma dor superaguda. O jeito foi caminhar, abortar o treino e deixar para depois.

Agora, porém, o que importa é o dedo. Cortado, suturado e entalado, nem ele nem a mão esquerda me foram de muita serventia desde o dia 30 de dezembro do ano passado, quando se deu o maldito e vergonhoso acidente.

Aprendi a “dar tope” nos cadarços de meus calçados quando estava no Jardim de Infância, talvez até um pouco antes, da forma deselegante e desastrada, imprecisa, que caracteriza a obra de crianças ainda sem completo controle de suas habilidades motoras. Pois nem isso pude fazer nos últimos dias.

Por isso, usei apenas chinelos e sandálias em que pudesse enfiar os pés; para correr, porém, os tênis são necessários, e foi inescapável a necessidade de pedir ajuda.

Agora, não, posso fazer por mim mesmo, ganhar o prazer de mais essa pequena independência.

Tive outras alegrias, desde quarta-feira. Naquele dia, por exemplo, pela primeira vez no ano, pude lavar as mãos esfregando uma na outra... Passar xampu nos cabelos usando as duas mãos para esfregar a cabeça...

Hoje, fui capaz de colocar o relógio no pulso esquerdo, fechar a pulseira, acionar o equipamento, travá-lo, desligá-lo, abrir a pulseira...  E escrevo este texto usando as duas mãos. Que maravilha.

A corrida é que não foi lá essas coisas. Para variar, ando assombrado por pequenas dores, resultado de anos e anos e de incúria posicional e má postura ao longo do dia (quem sabe, da noite também). Assim, corro devagar, ajeito o corpo como posso e vou em frente. 

Quando dá vontade de desistir, paro um pouco e desisto de desistir, que é muito melhor para minha cabeça, ainda que possa fazer meu corpo sofrer um pouquinho.

Dei uma parada no meio do caminho para uma água e coro, e segui direto e reto, completando meus cinco blocos de 1.100 m correndo e 400 caminhando. No total, 7.500 m, mais uns tantos antes e depois, deu talvez uns nove. Está bom por hoje.


O trajeto foi o indicado no mapa acima, saindo do quarteirão das flores, em frente ao cemitério do Araçá, e terminando bem na entrada do metrô Vila Mariana.

Ah, você é novo por aqui e não sabe exatamente o que aconteceu com o meu dedo. Pois nem te conto, meu amigo, minha amiga. Foi um furdúncio... 

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Beijo para quem é de beijo, abraço para quem é de abraço.

Vamo que vamo!



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